terça-feira, junho 20, 2006

Nega do Obaluaê ou Garota Bombril


# Moniquinha, em primeiro lugar, qual a sua arte?

Mônica Santana - Difícil. Porque sem querer parecer pretensiosa, eu acabo que me vejo em quase todas. Cada uma dá conta de algum lado meu. Escrever, pintar, atuar, usar o corpo. Cada uma é uma faceta. Tem emoções que acabam que precisam de cada uma delas para ser canalizada, expressada. Mas hoje acho que to mais da escrita.

# A escrita, aparece, por exempo, no blog Eu Sou Amélie Poulain (http://eusouamelie.blogspot.com). Faz muito tempo que você tem esse blog? Já teve outros?
Mônica Santana - Já, vários. Mas o que escrevi por mais tempo foi um chamado Água Viva (aguaviva.blig.ig.com.br), mas era num tom por demais diário. Sei lá. Acho que eu fui ficando levemente mais lírica. Nem tenho certeza disso. Mas parei de reportar as coisas.

# Mais teatro ou mais comunicação?

Mônica Santana - Teatro no sonho, nos olhos, na vontade. Mas hoje não na prática. A comunicação acaba que é minha realidade. Eu e minhas dualidades...

# Quando você descobriu que era hora de teatro?
Mônica Santana - Em 1998, num curso que fiz na fundação cultural. Só tinha vontade de largar a Facom. Fiz outros cursos, algumas peças. Sempre aquela dúvida para que lado ir. E ainda segue um certo desejo de ser feliz só fazendo teatro.

# Você é de que área e anda por onde na cidade? Nasceu aqui em Salvador? Morou em outros bairros?

Mônica Santana - Então, eu nasci aqui, digo na Maternidade Santa Isabel, mas desde sempre moro na mesma casinha no Centro Histórico. Ando por vários lugares, em pontos diferentes da cidade. Também tive a felicidade de trabalhar em coisas que me fizeram ter visão dos muitos mundos de Salvador. Pituba, Rio Vermelho, Brotas, Cabula, Barra, Ondina, Centro, Garcia, 2 de Junho, Contorno, Monte Serrat, Stella Maris, Paralela são lugares que zanzei e zanzo quando preciso.

# E como é morar no Centro Histórico?

Mônica Santana - Bem, prático por um lado. Morar perto de tudo. Mas o Centro Histórico é uma micro salvador. No sentido que reúne num único lugar suas belezas, e debaixo do tapete suas agruras. Malandragem, prostituição e tráfico de drogas são meus vizinhos.

# Você sabe que eu tenho curiosidade pelos percursos que as pessoas caminham. Você tem uma rotina de percursos ?

Mônica Santana - Tenho uma rotina hoje que consiste basicamente de centro para Pituba e vice-versa. Essa rotina repetitiva não me faz muito contente, confesso. Gosto de ver lugares diferentes, de ter rotinas diárias diferentes, conversar com pessoas de diferentes áreas, pra não ficar restrita num mundinho único.

# Para onde você vai e você acha que ninguém vai?

Mônica Santana - Ih, Gina, acho que hoje nem mais tem isso. Todo lugar que eu vou tem alguém, e isso até me angustia! Eu ando meio cansada de ver as mesmas caras em toda parte.

# Você anda sozinha, em dupla, em bandos? Como é que você se programa pra sair? Vai para barzinho, show, festinha na casa de amigos, como é?

Mônica Santana - Eu só vou sozinha a cinema, biblioteca, shopping, banco e show se eu for muito aficcionada pela banda, mas sempre conto com os encontros casuais. Não gosto de sair à noite sozinha. Sei lá, me sinto carente se estiver só. Gosto de andar em bandos ou em dupla. Sou uma pessoa gregária, sagitariana mesmo. E não tem uma rotina de programação. Show, festinha, barzinho, teatro, ta tudo no pacote.

# Onde você conheceu as pessoas com quem você mais sai hoje?

Mônica Santana - Tenho amigas feitas no teatro, hoje os mais freqüentes fiz via trabalho e no teatro. tem amigos de amigos que viraram amigos. Não tem muita lógica não.

# Você tem um garçom favorito, uma mesa favorita, um lugar favorito?

Mônica Santana - Eu nunca freqüento tão frequentemente e fielmente um lugar a ponto de conhecer os garçons e as mesas. Lugar favorito também não sei se tenho. Minha cama, o alexander do Póstudo, o banho de mar no pôr do sol da Barra, o feijão da Escola de Teatro, a carne do sol da Cruz do Pascoal, o sanduíche de pernil do Líder, a vista do Solar do Unhão. É como se cada lugar tivesse algo que eu gosto. Mas não tem um preferido.

# Aliás, antes de tudo, queria te perguntar isso, Salvador é sua cidade ou você tem um amor escondido por outra cidade ?

Mônica Santana - Salvador é minha cidade. Eu gosto de viver aqui. Moraria em outra parte, mas não para sempre. Gosto do baiano, de suas idiossincrasias. Mas continuo achando que o homem de minha vida vem de Brasília.

# Isso é um recado para os homens de Salvador ou de Brasília?

Mônica Santana - Pros de Salvador, acho que é. Nossos homens nos tratam muito mal, eu acho. Comecei a sacar isso na internet, nos bate-papos. Os homens gentis, diferentes, com uma articulação bacana na conversa, que mantinham um contato mais prolongado não eram de Salvador. E os mais interessantes sempre eram de Brasília. Comecei a achar que meu marido será de lá. Mas enquanto isso, continuo correndo atrás por aqui. Não vou cuspir no prato que sempre me serviu bem, né...(que cafagestice!)


# O que é que não pode faltar na cidade onde você mora?

Mônica Santana - Teatro. Por pior que ele seja.


# Quais os melhores eventos de Salvador?

Mônica Santana - Gosto da Festa de Iemanjá! Gosto do Mercado Cultural. São os eventos que acho culturalmente mais interessantes. Pelo menos que lembre agora.


# Sua banda preferida da Soterópolis?

Mônica Santana - A volante do Sargento Bezerra. Eu sou fã de carteirinha. Mas tb vou aonde tem show de Retrofoguetes.


# Qual é a música que te tira do eixo? E que música você não diz pra ninguém que você gosta?

Mônica Santana - Ih, tem tantas. Acho música um troço poderoso pra carai. Mas a música que pensei primeiro foi No surprises, do Radiohead. É triste, triste. Sempre choro quando ouço. E foi engraçado porque eu vi no Albergue Espanhol (o filme) e chorei no cinema, a música me tocou e eu nem saquei a letra direito. Fiquei procurando em que disco do Radiohead tava e quando achei virou um vício. Bem, mas hoje, uma música que me faz sorrir e cantar é O bonde do dom, de Marisa Monte e sua galera. É foda porque tem várias que amo e me emociono.

Música que eu disfarço? Véi, só lembro de umas do Roupa Nova. Hehehhe Dona, Anjo Nu ahhahahah.

# POR FALAR em não dizer pra ninguém, que lugar você frequentava e hoje renega?

Mônica Santana - Bem, eu ia para aqueles shows do Espanhol e Baiano de Tênis. E gritava “Netinho, Gostoso!”. Mas todo mundo ia, né não?

# (Risos) Acho que essa vai ser uma memoria renegada recorrente, aqui no Aonde Eu Vou, Você Vai. De que lugar você gostava e do dia pra noite fechou?

Mônica Santana - O Miss Modular me deixou órfã. Assim como o Zanzibar que era uma delícia de lugar para se tomar uma malzebier e ver a Baía de Todos os Santos.

# Conselhos de Moniquinha. Para quem passa só um fim de semana em Salvador. Onde ir para comer, dormir, namorar, visitar?

Mônica Santana - Hum. Então, eu sugiro que a pessoa durante o dia vá na Feira de São Joaquim, Mercado Modelo, faça suas comprinhas. Pegue um sol na Barra, ou de manhã bem cedinho, ou no fim da tarde. Se ela foi de manhã cedinho para a barra, depois foi fazer as compras, ela vai pra Pedra Furada no fim da tarde, comer uma mariscada e ver o resto da Baía de Todos os Santos. Quem sabe ela namora ali no Forte do Monte Serrat...De noite, ela vai pro Rio Vermelho. Passa em Dinha, come o famoso acarajé. Se tiver disposição, vai no França e come um abusadinho. Pode ir dançar na Zauber, uma das últimas opções da noite que restaram. Ufa... um roteiro possível.

# Quais nossos próximos entrevistados???

Mônica Santana - Então, tem Sereno que acho que é a figura perfeita para nosso blog-site. Pensamos nele desde a criação, mas tem que rolar uma campanha. Lembrei de um ator também, Jorge Washington, outra figura mítica que está em toda parte. Acho que é preciso identificar mulheres. Mulheres inclusive que nós não conheçamos proximamente. Mas não consigo lembrar dos nomes. Tem aquela coisa que eu te disse, acho que não prestamos atenção nelas...