segunda-feira, junho 26, 2006

Pequeno histórico da boêmia baiana





De tanto o ver em toda parte eu comecei a cumprimenta-lo. Não sabia seu nome, nem quem era, nem o que fazia, nem o que deixava de fazer. Até ainda a pouco, quando recebi a entrevista.
Via essa figura simpática tirando uma, tirando outra moça para dançar, rodopiar.
Acho que fui tirada para rodopiar algumas vezes também, o que me fez sorrir.
Helder é um boêmio profissional. Profissional porque faz isso tão bem e com tanta competência, que não acho outro adjetivo.
São anos de farra e extroversão, que levaram esse cara a ser hoje uma figura conhecida nas festas muitas e até mesmo a criar um site agenda cultural, reunindo o que há de interessante na noite baiana.
Bem, confiram esse delicioso e pequeno histórico da boêmia baiana.

Profissão: Boemia

# Helder, o que você faz da vida?
Sou economista e trabalho atualmente no Sebrae, onde sou assessor da diretoria. Eventualmente, desenvolvo atividades como produtor cultural.


# Você tem um site com um roteiro da programação da noite alternativa baiana. Como é que surgiu essa idéia? Você já era um boêmio e resolver organizar a agenda para todo mundo? Ou não. Não é nada disso.
Sim, o site www.aldeianago.com.br. Ele é resultado de um pouco de tudo isto. Por circular nos eventos culturais e políticos da cidade, tornei-me conhecido desde os tempos em que era estudante universitário. Fiz muitas festas e me envolvi em alguns empreendimentos culturais durante os anos 90. Desde então muitos amigos ligavam pedindo sempre pedindo sugestões sobre aonde ir, qual a festa do fim de semana, essas coisas...

Com a internet passei a receber muitos convites e dicas sobre os eventos culturais e comecei a reenviá-los para os amigos. Como isto começou a dar resultado, cresceu tanto meu mailling, como o recebimento de material de divulgação enviado pelos produtores. Para não encher a caixa de mensagem dos amigos, criei a Agenda Cultural Nagômail, juntando todas as dicas recebidas em um único e-mail que era enviado semanalmente para o meu mailling que já chegava nesta altura a quase 5 mil pessoas, e uma parte delas reenviava a Agenda para outras.


Em determinado momento, o Comitê Gestor da Internet, no Brasil, decidiu tratar como spam o envio de mensagens para mais de 50 pessoas e impôs uma série de restrições, o que dificultou sobremaneira a remessa de emails, e aumentou substancialmente o tempo dedicado para a remessa da Agenda. Não dava mais para conciliar o tempo dedicado com meus compromissos profissionais e pessoais. Então, incentivados por amigos, decidi criar o site, para ao menos manter a Agenda na web até poder retomar a remessa da Agenda. No momento estou estudando a retomada da newsletter. Estou em busca de patrocínio para isto.


# Na noite você parece ser uma pessoa pra cima, bem humorada, divertida. No dia a dia, como é que é? Qual é a sua rotina?
Procuro manter meu humor e astral mesmo nos momentos de estresse, embora nem sempre com sucesso (risos)...

No dia a dia, minha rotina é a de um executivo (risos)... De repente, você pode me encontrar de paletó e gravata numa reunião com outros profissionais ou participando de eventos, representando a instituição que trabalho. Eventualmente viajando para acompanhar os projetos com os quais trabalho na área de desenvolvimento rural sustentável e agronegócios.


# Durante o dia, para onde você vai?
Em geral, estou trabalhando a partir da 9 até por volta das 19h.


# E à noite, qual é o seu lugar preferido?
Depende do dia ou da programação, mas em geral segue ai um roteiro, que pode ser mudado a qualquer momento.

Nas sextas, pra começar a noite frequento o Pátio do ICBA, ali na Vitória, onde acontece uma jam session com participação dos melhores músicos de jazz, bossa, blues... E agora, nos tempos do forró, dar uma esticada até o Bar Santa Maria, no Largo de Santana, pra dançar ao som da A Volante do Sargento Bezerra. E para terminar a noite, dar uma esticada até a Borracharia pra ver os amigos e curtir um rock.

Já no sábado, adoro bailar una salsa no Alphoria, no Santo Antônio Além do Carmo. Mas também posso ser encontrado lá Café Ateliê, chamoso espaço cultural de São Caetano para ver o rock dos meninos do Órbita Zero ou o pop de Zanara Rabelo. Essa dica foi da Di Pimenta, jovem jornalista que ali reside.

A Záuber, o Seven In, e mais recentemente o Barraco, ali na Barra, também me atraem com frequência. Gosto da programação moderna e dançante que têm rolado por lá. Mas o Miss Modular e Casarão Santa Luzia fazem falta. E ai, Nikima ! Tá na hora de retornar com o Santa Luzia.

Nas terças, ouvir o som de Gerônimo é quase uma obrigação de santo de casa. risos...
Mas quando chega o verão, a pedida mesmo é ver Peu Meurray e Banda Papa Jaca Soud, com seu caldeirão musical "afrofunksambabossa" no Galpão Cheio de Assunto, ali na Djalma Dutra. Ou então cair no samba de senzala da Banda Kissukilas, na avenida Vasco da Gama.

Se é para tomar uma cervejas geladas, bom mesmo é dar uma chegada na Casa da Mãe, recentemente inaugurada no Rio Vermelho, em frente ao monumento a Iemanjá. E de brinde ainda ouvir uma boa música na voz de Stela Maris, Luciano Bahia, e outros tantos jovens talentos que por ali circulam. E de vez em quando passar pelo França, Extudo ou Póstudo pra curtir o som do Paulinho Andrade Trio e bater um papo com os amigos.

# Que lugar você evita aqui em Salvador? Por quê?
Ah, tenho que concordar com Luciano Matos. Quando fui ao Fashion Club ver o show da minha querida amiga Carla Visi, me senti um peixe fora d'água. Café Cancun, idem. Ir ali, só em momentos especiais ou para ver bela Letícia Quessada. Mas nada contra, frequentemente divulgo na Agenda eventos que acontecem nestes locais.


# Que tipo de baiano é você?
Tipo, eu ? São vocês que podem dizer qual é a do tipo aqui... risos. Será que vocês estão querendo me enquadrar numa "tribo" qualquer ? risos

# As pessoas aqui em Salvador parecem que se recolhem mais depois dos 30 anos. São poucos a freqüentarem shows, festas noturnas. Você, graças ao bom Deus, dá exemplos constantes de animação e vitalidade. Como é que você acha que os mais jovens te vêem? E os mais velhos?
Os mais jovens em geral me recebem muito bem e muitos se tornam meus amigos. Os mais velhos me perguntam como é que faço pra estar nas baladas, como se bastasse mais que disposição e vontade de viver. Da minha geração, um dos poucos que encontro é o Charles, do antigo Berro D'água.

# Tanta experiência como boêmio devem te dar um panorama interessante da noite em Salvador. Você consegue traçar um paralelo de uma evolução? Como eram as coisas quando você tinha 20, 30, 40 e como são agora aos 50?
Aos 20 anos, estava na universidade, participando do movimento estudantil e lutando pela recriação das organizações estudantis - os Diretórios Acadêmicos - que haviam sido fechados pela ditadura militar. Mas meu lema então já era "política e prazer". Então começamos a fazer nossas festas universitárias. O point de então era o ICBA, único ambiente na Bahia, onde podia circulavar livremente o debate político e cultural da cidade, e onde eram montadas peças e exibidos filmes banidos do circuito comercial. Não era incomum sairmos do ICBA direto para a Ladeira da Montanha, pra dançar música brega e tomar todas.

Bons filmes também podiam ser vistos na sessão de arte do Cine Tamoio, depois sucedido pelas sessões do Cine Politeama e Cine Rio Vermelho, onde foram realizados os principais festivais de cinema de então.

A praia da era a dos Artistas, na Boca do Rio, onde nos reuniamos para marcar a festa da noite. E depois passar pelo Divelos, restaurante caseiro que funcionou no Alto do São Francisco, e que servia uma deliciosa salada de bacalhau e o melhor tira gosto de acarajé da cidade, e que tinha entre os seus clientes, Caetano, Gil e tantos outros nomes do meio artístico baiano.

Casas noturnas, umas poucas, como Berro D'Agua e depois Dose Dupla, capitaneados por Charles; O Bar do Beto, no Pelourinho recém reformado e palco das filmagem de Tendas de Milagres. Dali, o caminho era curto para a Gafieira comandada pelo saudoso maestro Vivaldo da Conceição, que funcionava na Associação dos Guardas Civis, na Baixa dos Sapateiros.

Essa era a cidade e o ambiente em que nós, os contestadores, estudantes, intelectuais, jornalistas, artistas, atores, cineastas, anarquistas e desbundados, viviamos, bebiamos, fumávamos e curtiamos festivais de cinema, de teatro, as festas e os shows que agitavam e embalavam os sonhos desta geração. É proibido proibir, bradou Caetano na Concha Acústica do TCA.

Enquanto isso a censura mandava ver e os militares também. E armaram atendados no Show de 1º de Maio no Rio Centro e na OAB. A imprensa alternativa e o jornal Em Tempo, publicava a lista de torturadores do regime militar e em troca tinha suas sucursais destruidas a bombas, além das bancas de jornais que ousavam reveder a publicação. As prisões, torturas e desaparecimentos ainda aconteciam mas a luta por liberdade e democracia crescia no Brasil. As greves dos metalúrgicos do ABC paulista, liderado por Lula colocava o regime contra a parede.

Algum tempo depois, aparecem novos bares, tais como A Dama da Noite e Raio de Sol, e outros no no Rio Vermelho. O Hábeas Copus faz sucesso na Barra.

Ao lado, havia outra cidade, a dos pretos e pobres, onde nasciam e cresciam os Ilês, Oloduns e Malês, e que se manifestavam durante as festas de largo, no reveillon da praia da Boa Viagem e, principalmente, durante o carnaval, ao som das batucadas, charangas e afoxés. A barraca de Juvená e a Guanabara reinavam. Era ai que os rebeldes se encontravam com os pretos, pobres de dinheiro mas ricos de cultura. A praça Castro Alves era do povo. E todos juntos atrás do trio elétrico, com chuva, suor e cerveja, fazendo sacudir o chão da praça. Ai, imperava Moraes e sua preta pretinha.

Havia também uma terceira cidade, o bustantão burgues e elitista, do Largo da Graça, da Barra Avenida, do Bloco do Barão, que discriminava e não se integravam às outras duas. A noite era vivida na tradicionais boites e bares de gosto duvidoso para nós. Mas eles se divertiam mesmo era nos clubes, no Yacth, no Bahiano, e no Club Português. Neles, preto só entrava se fosse pela porta da cozinha, com cantou o ministro Gil.

Mas a vida continua e a cidade também. O regime militar pressionado concede anistia parcial e o regime se democratiza lentamente. Em 1979, recebo Juca Ferreira, atualmente Secretário de Ministério de Cultura, e Milton Fernandes que juntamente com Gabeira voltam do exílio na Suécia. As mulheres, seduzidas pelos ideais feministas de Bevouir e outras, reinvidicam seus espaços e cidadania. Os pretos pobres se organizam nos MNUs e em torno dos Blocos Afro. Luis Mott coloca as "manguinhas" de fora e funda o GGB. É o tempo da amizade colorida. O chic era frequentar o Zanzibar, das pretas Ana Célia e lady Neide e que funcionava no Garcia. Perto dali, no Campo Grande, o papo e o copo corriam soltos, noite a dentro, no Quintal do Raso da Catarina. Foi alí naquelas escadarias ingrimes que conhecí Élia, um amor que passou, marcou a minha vida e me deu Helder e Naian, meus queridos filhos.

A economia baiana se desenvolve com o Pólo Petroquímico e o CIA. A classe média cresce e vai ao paraíso. E eu vou junto (risos). Fiz concurso para uma grande empresa que se instalava na Bahia, a Caraíba Metais e me torno um técnico prestigiado. A democracia se amplia e cresce a organização sindical. Fundamos o PT aqui na Bahia.

A classe média cai na noite. O Bilhostre, o Bar 68 e outros revigoram a noite do Rio Vermelho. A salsa da Rumbahiana, tendo a frente o saudoso Klaus Jack, aporta no Vagão e logo atrais nomes promissores como Carlinhos Brown, Orlandinho e outros tantos percusionistas baianos. O Rio Vermlho torna-se o point de lazer noturno da cidade. Surge o undergrouwd Paris Latino, de Jean Claude e a Tulha Natureza, que logo deu lugar ao Ex-tudo pois Getúlio, cansado de se virar com seus livros na Literarte, decidiu trazê-los para a mesa e deu no que deu. Isto é, deu no Pós-tudo e ambos se tornaram os principais pontos de encontros dos boêmios, artistas e jornalistas da cidade.

Com a democracia e a liberdade reconquistadas, floresce o número de bares e festas na cidade. Um grupo de amigos criou o Barbaridade, um bar comunitário e ambulante, onde aconteciam festas semanais e todos contribuiam para cobrir seus custos. Os amigos da Somaterapia de Roberto Freire cria a comunidade de Aroeira em um sítio na Estrada Velha do Aeroporto. Era festa quase todo santo dia embora ninguém ali fosse santo...risos. Mas por lá passaram nomes como e de Ronald Lobato, atual superintendente do IMIC e o da amiga e festejada estilista Márcia Ganen. Maurício, o mau mau, e sua trope do Sem Tesão não ha Solução, criam o Tesão e Cia e a noite se expande até Piatã. Alí pertinho, no condomínio residencial Jardim Gantois, organizamos, a já tradicional festa dos Escorpianos que leva mais de 2 mil pessoas. Logo depois, o morador e escorpiano Antonio Diamantino, atual Diretor do Liceu é convidado a procurar nova moradia...risos. Dadas as retrições as festas foram acolhidas num sítio a beira mar no Condomínio Busca Vida, na Estrada do Côco, e ali passamos a fazer nossas pré-raves.

Em 88, fiz minha primeira viagem ao Caribe, Cuba, Jamaica, Martinica, Barbados pra ouvir e dançar na fonte os sons que embalavam a festas que fazíamos quase todos os fins de semana aqui em Salvador. No retorno da viagem, fizemos uma memorável festa "rave", na Estrada Velha do Aeroporto, Km 7,5, no sítio onde viviam o escultor Chico Augusto e Leo Nobre, então estudante e hoje arquiteto e artísta plástico. A música enloqueceu os cerca de 400 amigos presentes. Pura bomba. O reggae de Bob, Stell Pulse, Peter Tosh e Jimmy, UB 40 e Judy Mowatt; o calipso de David Rudder e Arrow; a cúmbia de Los Bravos de Barraquilla; a salsa de Célia Cruz, Tito Puente, Oscar de Leon, Ruben Blades e a turma da Fania All Stars; o zouk do Kassav; o merengue de Luis de Kalaff; o pop-africano de Fela Kuti, Touré Kundá e Manu Dibango; mas também o que rolava de melhor na música brasileira de então, como o afro-brasiliense Obina Shoc, Cazuza, Ultrage e tantos outros.

Em 1989, sai do Pólo para cair de vez na noite. Juntamente com João Américo e Marcos King, montamos o Zouk Santana, uma pequena revolução na noite baiana de então. O projeto arquitetônico e o conceito eram avançados e contemplava vários ambientes abertos. Pela primeira vez a música do Ilê Aiyê tomou conta da pista de uma casa noturna na cidade. Ali se tocavam todos os ritmos dançantes brasileiros, africanos, europeus, americanos e latinos.

Em 1991, parto para novos empreendimentos e inauguro o Barô Pelô, no Pelourinho pré-reforma. A Rumbahiana animou a festa, e o Largo do Pelourinho retomou o brilho depois de anos de esquecimento e abandono. Nascia o templo da música negra de então. tornou-se logo o ponto de encontro dos ousados e abusados. O grupo de afro-jazz Agbeokuta, liderado por Cícero Antônio e Jorjão Bafafé faz ali sua estréia nos palcos baianos, assim como Rás Ciro Lima, Gil Félix, Papoula e tantos outros nomes da emergente cena do reggae baiano. A banda Lumiar, antes de tornar-se Cidade Negra também subiu em seu palco. Márcio Mello e sua banda Rabo de Saia idem. Além deles tambem pisaram por lá grupos musicais da Colômbia, Suriname e de Trinidad y Tobago. Logo depois, o Olodum fez sucesso e se estabeleceu a conexão Olodum-Barô que só terminava às 6 da manhã nos dias de ensaio.

Neste mesmo ano, junto com Elia e Ary da Mata, abrimos o Mata Hari, também no Rio Vermelho, que tornou-se a referência para os novos grupos de rock que fervilhavam na cidade mas que não encontravam espaço para suas apresentações.

O Governo Collor, apoiado pelo PFL de ACM e PSDB de FHC, faz o confisco da poupança e a classe média emergente deixa o paraíso e também de sair na noite por falta de grana no bolso. E a noite, naturalmente escura, ficou ainda mais...risos. Saí da noite depois de quatro anos de mal dormidos e de muito trabalho, mas também de muita diversão e novos amigos.

Com o Plano Real, já no Governo FHC, a classe média volta a respirar, e a vida noturna da cidade retoma a sua vitalidade. Novos espaços se abrem em toda parte. A cidade ganha um Pelourinho reformado que serve de palco para a apresentação de novos grupos musicais.

Os pretos e pobres ganham mais espaço na produção musical e muitos nomes dai oriundos ganham a mídia.

Brown torna-se o grande nome da música baiana e nacional. Olodum toca com grandes nomes do show business internacional. O Ilê, Araketu e Margarete também ganham dimensão nacional e iniciam carreira internacional.

O Rio Vermelho se consolida como o bairro boêmio: surgem o Café Calipso, o Havana e tantos outros e, mais tarde, o Miss Modular. O Comércio se revitaliza com o Pega e o Casarão Santa Luzia; e, altualmente, com a Zauber e Zanzibar.

Ainda não temos uma cidade onde o lazer, a cultura e a vida noturna possam ser usufruidos por todos, mas certamente somos mais abertos. O apartaid não é tão explicito, apesar das cordas e camarotes que substituiram os antigos Clubes da elite.

A música axé e o pagode, ainda predominantes, perdem espaço. Surgem dezenas de bons grupos musicais de rock, pop, hip-hop, afro-pop-baiano e outras saladas musicais. Os Djs Telefunksoul, Nikima, Marcela Bellas, El Cabong, Dexter, Maira e Sartorelo, Adriana Prates, Spliter, Ruy Santana, Geórgia, Pingo e tantos outros dão um novo tom a música de pista.

E assim, a cidade vai se transformando e, com ela, a noite, cada vez mais eclética, diversificada e ampliada, tanto em público quanto no número de espaços.

# Você faz parte de alguma tribo? Você acredita em tribos?
Não propriamente. É fato que nas grande cidades as pessoas, talvez fugindo da solidão, procuram estabelecer algum tipo de identidade uma com as outras a partir de elementos da cultura, como a moda, gosto musical, dentre outros. Sou suficientemente eclético para me enquadrar nisso.

# Fora a cozinha de sua casa, qual é o canal em que come coisas gostosas aqui na cidade? A propósito, você gosta de comer o que?
Adoro comer moqueca de arraia ou a salada de camarão de Donana, inicialmente um boteco no fim de linha de Brotas e hoje, um respeitável restaurante de comida baiana.

De vez em quando, umas esticadas pra comer uma moqueca de peixe no Restaurante Luar, na Pedra Furada ou pra curtir o por do Sol da Baía de Todos os Santos.

Na segunda-feira, cai bem uma Miragaia (ou Miraguaia?) no largo do Garcia, dica do amigo jornalista e professor Fernando Conceição, que adotei de bom grado.

Nas madrugadas, nada melhor que o feijão ou o mocotó do Boteco da Biga, no Engenho Velho da Federação. Aqui a tradição já dura uns 30 anos.

Na área das Pizzarias, se destaco a Cia. da Pizza do Portela, no Rio Vermelho. No Pelô a deliciosa pizza do Aldo, na Rômulo e Remo, na rua das Laranjeiras.

Meus cantinhos prediletos para uma boa de Maniçoba, são a Casa da Mãe, ali em frente à Igreja do Rio Vermelho ou na Pousada La Habana, na Barra. Ambas, com tradição vinda das bandas de Santo Amaro da Purificação.

Não poderia deixar de citar o melhor restaurante natural da cidade, o Manjericão, ali na fonte do Boi no Rio Vermelho, onde tudo é só delícia. A comida, o ambiente, a música e as pessoas.

Minhas carnes prediletas são servidas no Boteco do França, especilamente o filé ao café paris, com batatas gratinadas ao molho de alho. A outra opção e o Filé do Juarez, no Mercado do Ouro, Comércio.

Mas se a carne for de frango, o melhor da cidade continua sendo o do Moura, na Boca
do Rio, desde os bons tempos da Praia dos Artistas.

# Que música você ouviu hoje, alguma hora? Gostou de ouvir essa música?
Estou ouvindo o novo CD do Orishas, El Kilo, tudo de bom.

# Algum filme provocou um rebuliço em você?
Ah! Muitos filmes, Veludo Azul de D. Lynch, A Queda do Império Americano, só pra exemplificar.

# O que te faz feliz?
Estar na companhia de amigos agradáveis, namorar, dançar, ouvir música, cinema, praia, viajar e trabalhar no que gosto.

# Qual é o teu time? Seu signo? PFL ou PT? PSDB ou PSol? Crente ou ateu?
Time? Seleção Brasileira.
Signo: Escorpião com ascendente em Sagitário
Partido: PT sem medo de ser feliz. Estou com Zeca Baleiro e o ator Paulo Betti. A armação da direita brasileira para destruir o governo Lula e o PT saiu pela culatra. Lula está mais forte e o PT mais unido.

# Ainda tem espaço para sonho e utopia?
Sim! Temos muito a fazer por um mundo melhor, uma sociedade com mais justiça e equilíbrio, sem tantas desigualdades econõmicas, sociais, raciais, culturais e de gênero. E também cuidar para a preservação e equilibrado do meio-ambiente.

# Pra acabar, quem é que você vê aonde vai? Que é que acha dessa pessoa?
Jorge Washington, ator de bando de Teatro Olodum, um cara que pode ser encontrado, à noite, numa festa na Ribeira ou em Itapoã, passando pelo Pelô, pelo Beco da Gal. O homem está em todas as "quebradas"

terça-feira, junho 20, 2006

Entrevistas exclusivas com as garotas de óculos vermelhos

Assim é a galera de comunicação. Carrega um daqueles óculos quadradinhos, retangulares, metidos a charmosinhos. E entre as mocinhas simpáticas e descoladas a cor preferida das armações é o vermelho.
Não isso não consta no Manual de Redação da Folha de São Paulo. Mas é uma realidade absolutamente perceptível entre as comunicólogas. Como entre os comunicólogos é a bolsa de carteiro e o óculos igual em versão preta.
E elas duas foram faconianas, mas lá não foram amigas. Esse encontro outros percalços da comunicação trataram de promover.
Essas duas garotas de óculos vermelhos já bateram par ou impar e erraram na conta. Elas também já discutiram a formação de grupos de literatura que não sairam das idéias. Na prática mesmo, elas criaram o blog que vos fala e deram vida a uma idéia ébria de verão: um espaço para reunir as pessoas que vemos por aí.
E então, já que elas não se apresentaram na entrada, se apresentam agora no meio.
Com vocês, eu Mônica, ela Gina - as garotas de óculos vermelhos.

Nega do Obaluaê ou Garota Bombril


# Moniquinha, em primeiro lugar, qual a sua arte?

Mônica Santana - Difícil. Porque sem querer parecer pretensiosa, eu acabo que me vejo em quase todas. Cada uma dá conta de algum lado meu. Escrever, pintar, atuar, usar o corpo. Cada uma é uma faceta. Tem emoções que acabam que precisam de cada uma delas para ser canalizada, expressada. Mas hoje acho que to mais da escrita.

# A escrita, aparece, por exempo, no blog Eu Sou Amélie Poulain (http://eusouamelie.blogspot.com). Faz muito tempo que você tem esse blog? Já teve outros?
Mônica Santana - Já, vários. Mas o que escrevi por mais tempo foi um chamado Água Viva (aguaviva.blig.ig.com.br), mas era num tom por demais diário. Sei lá. Acho que eu fui ficando levemente mais lírica. Nem tenho certeza disso. Mas parei de reportar as coisas.

# Mais teatro ou mais comunicação?

Mônica Santana - Teatro no sonho, nos olhos, na vontade. Mas hoje não na prática. A comunicação acaba que é minha realidade. Eu e minhas dualidades...

# Quando você descobriu que era hora de teatro?
Mônica Santana - Em 1998, num curso que fiz na fundação cultural. Só tinha vontade de largar a Facom. Fiz outros cursos, algumas peças. Sempre aquela dúvida para que lado ir. E ainda segue um certo desejo de ser feliz só fazendo teatro.

# Você é de que área e anda por onde na cidade? Nasceu aqui em Salvador? Morou em outros bairros?

Mônica Santana - Então, eu nasci aqui, digo na Maternidade Santa Isabel, mas desde sempre moro na mesma casinha no Centro Histórico. Ando por vários lugares, em pontos diferentes da cidade. Também tive a felicidade de trabalhar em coisas que me fizeram ter visão dos muitos mundos de Salvador. Pituba, Rio Vermelho, Brotas, Cabula, Barra, Ondina, Centro, Garcia, 2 de Junho, Contorno, Monte Serrat, Stella Maris, Paralela são lugares que zanzei e zanzo quando preciso.

# E como é morar no Centro Histórico?

Mônica Santana - Bem, prático por um lado. Morar perto de tudo. Mas o Centro Histórico é uma micro salvador. No sentido que reúne num único lugar suas belezas, e debaixo do tapete suas agruras. Malandragem, prostituição e tráfico de drogas são meus vizinhos.

# Você sabe que eu tenho curiosidade pelos percursos que as pessoas caminham. Você tem uma rotina de percursos ?

Mônica Santana - Tenho uma rotina hoje que consiste basicamente de centro para Pituba e vice-versa. Essa rotina repetitiva não me faz muito contente, confesso. Gosto de ver lugares diferentes, de ter rotinas diárias diferentes, conversar com pessoas de diferentes áreas, pra não ficar restrita num mundinho único.

# Para onde você vai e você acha que ninguém vai?

Mônica Santana - Ih, Gina, acho que hoje nem mais tem isso. Todo lugar que eu vou tem alguém, e isso até me angustia! Eu ando meio cansada de ver as mesmas caras em toda parte.

# Você anda sozinha, em dupla, em bandos? Como é que você se programa pra sair? Vai para barzinho, show, festinha na casa de amigos, como é?

Mônica Santana - Eu só vou sozinha a cinema, biblioteca, shopping, banco e show se eu for muito aficcionada pela banda, mas sempre conto com os encontros casuais. Não gosto de sair à noite sozinha. Sei lá, me sinto carente se estiver só. Gosto de andar em bandos ou em dupla. Sou uma pessoa gregária, sagitariana mesmo. E não tem uma rotina de programação. Show, festinha, barzinho, teatro, ta tudo no pacote.

# Onde você conheceu as pessoas com quem você mais sai hoje?

Mônica Santana - Tenho amigas feitas no teatro, hoje os mais freqüentes fiz via trabalho e no teatro. tem amigos de amigos que viraram amigos. Não tem muita lógica não.

# Você tem um garçom favorito, uma mesa favorita, um lugar favorito?

Mônica Santana - Eu nunca freqüento tão frequentemente e fielmente um lugar a ponto de conhecer os garçons e as mesas. Lugar favorito também não sei se tenho. Minha cama, o alexander do Póstudo, o banho de mar no pôr do sol da Barra, o feijão da Escola de Teatro, a carne do sol da Cruz do Pascoal, o sanduíche de pernil do Líder, a vista do Solar do Unhão. É como se cada lugar tivesse algo que eu gosto. Mas não tem um preferido.

# Aliás, antes de tudo, queria te perguntar isso, Salvador é sua cidade ou você tem um amor escondido por outra cidade ?

Mônica Santana - Salvador é minha cidade. Eu gosto de viver aqui. Moraria em outra parte, mas não para sempre. Gosto do baiano, de suas idiossincrasias. Mas continuo achando que o homem de minha vida vem de Brasília.

# Isso é um recado para os homens de Salvador ou de Brasília?

Mônica Santana - Pros de Salvador, acho que é. Nossos homens nos tratam muito mal, eu acho. Comecei a sacar isso na internet, nos bate-papos. Os homens gentis, diferentes, com uma articulação bacana na conversa, que mantinham um contato mais prolongado não eram de Salvador. E os mais interessantes sempre eram de Brasília. Comecei a achar que meu marido será de lá. Mas enquanto isso, continuo correndo atrás por aqui. Não vou cuspir no prato que sempre me serviu bem, né...(que cafagestice!)


# O que é que não pode faltar na cidade onde você mora?

Mônica Santana - Teatro. Por pior que ele seja.


# Quais os melhores eventos de Salvador?

Mônica Santana - Gosto da Festa de Iemanjá! Gosto do Mercado Cultural. São os eventos que acho culturalmente mais interessantes. Pelo menos que lembre agora.


# Sua banda preferida da Soterópolis?

Mônica Santana - A volante do Sargento Bezerra. Eu sou fã de carteirinha. Mas tb vou aonde tem show de Retrofoguetes.


# Qual é a música que te tira do eixo? E que música você não diz pra ninguém que você gosta?

Mônica Santana - Ih, tem tantas. Acho música um troço poderoso pra carai. Mas a música que pensei primeiro foi No surprises, do Radiohead. É triste, triste. Sempre choro quando ouço. E foi engraçado porque eu vi no Albergue Espanhol (o filme) e chorei no cinema, a música me tocou e eu nem saquei a letra direito. Fiquei procurando em que disco do Radiohead tava e quando achei virou um vício. Bem, mas hoje, uma música que me faz sorrir e cantar é O bonde do dom, de Marisa Monte e sua galera. É foda porque tem várias que amo e me emociono.

Música que eu disfarço? Véi, só lembro de umas do Roupa Nova. Hehehhe Dona, Anjo Nu ahhahahah.

# POR FALAR em não dizer pra ninguém, que lugar você frequentava e hoje renega?

Mônica Santana - Bem, eu ia para aqueles shows do Espanhol e Baiano de Tênis. E gritava “Netinho, Gostoso!”. Mas todo mundo ia, né não?

# (Risos) Acho que essa vai ser uma memoria renegada recorrente, aqui no Aonde Eu Vou, Você Vai. De que lugar você gostava e do dia pra noite fechou?

Mônica Santana - O Miss Modular me deixou órfã. Assim como o Zanzibar que era uma delícia de lugar para se tomar uma malzebier e ver a Baía de Todos os Santos.

# Conselhos de Moniquinha. Para quem passa só um fim de semana em Salvador. Onde ir para comer, dormir, namorar, visitar?

Mônica Santana - Hum. Então, eu sugiro que a pessoa durante o dia vá na Feira de São Joaquim, Mercado Modelo, faça suas comprinhas. Pegue um sol na Barra, ou de manhã bem cedinho, ou no fim da tarde. Se ela foi de manhã cedinho para a barra, depois foi fazer as compras, ela vai pra Pedra Furada no fim da tarde, comer uma mariscada e ver o resto da Baía de Todos os Santos. Quem sabe ela namora ali no Forte do Monte Serrat...De noite, ela vai pro Rio Vermelho. Passa em Dinha, come o famoso acarajé. Se tiver disposição, vai no França e come um abusadinho. Pode ir dançar na Zauber, uma das últimas opções da noite que restaram. Ufa... um roteiro possível.

# Quais nossos próximos entrevistados???

Mônica Santana - Então, tem Sereno que acho que é a figura perfeita para nosso blog-site. Pensamos nele desde a criação, mas tem que rolar uma campanha. Lembrei de um ator também, Jorge Washington, outra figura mítica que está em toda parte. Acho que é preciso identificar mulheres. Mulheres inclusive que nós não conheçamos proximamente. Mas não consigo lembrar dos nomes. Tem aquela coisa que eu te disse, acho que não prestamos atenção nelas...


Virginiana convicta, libriana por acaso e sagitariana assumida

Aonde eu vou você vai - Vc é produtora? Produz o que mesmo, hein?

Gina Leite - "Produtora de Comunicação e Cultura", quase isso diz meu diploma. Os registros oficiais entram mesmo como "Comunicólogo" (no masculino, sem variação de gênero). Além de produtora, sou retratista também. Eu trabalho na BYI Projetos Culturais, uma empresa de produção cultural que produz grandes festivais principalmente ligados à percussão, ao intercâmbio musical. Nem precisa dizer do gosto que eu tenho em estar envolvida com projetos maravilhosos como os que eles desenvolvem.

Aonde eu vou você vai - E o que você gostaria de produzir, mas ainda não produz?

Gina Leite - Pela minha ligação com as artes visuais, eu adoraria, adoraria mesmo, desenvolver um anuário das artes visuais baianas. Eu gosto muito de pensar de forma panorâmica, acho que seria muito interessante fazer esse levantamento, sabe? Ter uma noção mais clara de quem produz, de quem expõe, de que galerias estão envolvidas com que tipo de trabalhos.

Ao mesmo tempo tenho um desejo que se realiza aos poucos, que é formar um núcleo de literatura e design aqui na cidade. Claro que as todas as linguagens aproximam-se bastante em certas realizações. O teatro envolve muito a dança, a música, a dança também está junto da música, das artes visuais... E a realização do livro, principalmente com o desenvolvimento do design, deve estar cada vez mais amarrada com profissionais da forma, que deve pulsa junto do o conteúdo.

Tudo isso tem um "Q" de futuro.


Aonde eu vou você vai - Sim, e ta rolando um livro, né. Conte aí, de sua relação com a escrita. Que escritor te perturba?

Gina Leite - O livro, menina, o livro. Meu livro é uma história... Quer dizer, são três histórias. Estou produzindo meu primeiro livro. O livro é a amarração de dez anos de poesia junto com quatro de produção de imagens. É quase um livro de fotografias. Cada história levou uns 6 meses para ser escrita, foi um processo terminou no começo do ano.

Fico nessa de fotografia x literatura... Cada coisa a meu tempo. A escrita vem em momentos de maior oscilação emocional. A fotografia é para os períodos de mais paciência, de mais contemplação, mais calma, mais tempo. Para mim isso é muito evidente.

Dos escritores que me movem: Lewis Carroll, Leminski, Clarice Lispector, Monteiro Lobato, Cortázar e Marina Colasanti (aproveito aqui para agradecer meu querido Marco por "Um Espinho de Marfim", que ele me deu na feira da paróquia da Graça, e digo também que devolverei "Histórias de Cronópios e de Famas" um dia desses).

Aonde eu vou você vai - Você acha que onde eu vou, você vai?

Gina Leite - RISOS. Onde você vai, eu vou. Nossos lugares queridos são bem parecidos caminhos!

Aonde eu vou você vai - Aqui na cidade, aonde você mais vai?

Gina Leite- Infelizmente estou um pouco afastada da noite, mas meus lugares favoritos têm sido meu querido Beco da Rosália, o Líder no 2 de Julho, a Zauber, a Cruz do Pascal e umas festas no Marback. O Marback estácom um movimento vibrante.

Aonde eu vou você vai - Aqui na cidade, aonde você nunca foi?

Gina Leite - Haja lugar nesta cidade para não ter ido. Entre os lugares que meus amigos meus vão, nunca fui no Casarão Santa Luzia nem Pimentinha, naFavelinha.

Aonde eu vou você vai - Nem sabia desse favelinha. Que lugar você evita aqui em Salvador? Por quê?

Gina Leite - Extudo, eu acho. Infelizmente. O Extudo é um lugar bacana, comida maravilhosa, serviço massa, mas volta e meia o Extudo se torna o atestado de falta de opção da cidade. Aquela velha frase "Sei lá, vamos pro Extudo mesmo".

Aonde eu vou você vai - Isso rola comigo no Póstudo. Ahahahah. Você faz parte de alguma tribo? Você acredita em tribos?

Gina Leite - A tribo das meninas da Facom que usam óculos vermelhos.

Aonde eu vou você vai - Ih, eu acho que também faço parte dessa onda.

Gina Leite - É... Dá pra fazer uma semana especial do blog: ENTREVISTAS EXCLUSIVAS COM MENINAS DE ÓCULOS VERMELHOS!
Aonde eu vou você vai – Mas já ta sendo, Gina. Esse vai ser o título da entrevista! Fora a cozinha de sua casa, qual é o canal em que come coisas gostosas aqui na cidade? A propósito, você gosta de comer o que?

Gina Leite - Eu curto o Yakisoba no Rio Vermelho, o crepe do Touché, o sanduíche de pernil do Líder, almoço no Algobom, comida baiana sexta no Restaurante de Dinha.

Aonde eu vou você vai - Que música você ouviu hoje, alguma hora? Gostou de ouvir essa música?

Gina Leite - Não, ainda não...

Aonde eu vou você vai - Algum filme provocou um rebuliço em você?

Gina Leite - Amelie Poulain - sabe quando alguma coisa vibra na mesma intensidade que você?

Aonde eu vou você vai - Meu também. Esse filme me descreve em tantas coisas. Oh, quantas paradas em comum. hem? O que te faz feliz?

Gina Leite - Tá certo, é piegas, mas uma coisa que me deixa muito feliz é ver meus
amigos felizes.

Aonde eu vou você vai - Que lugar marcou a sua infância? O que você fazia lá?

Gina Leite - Eu viajava muito com minha família.

Aonde eu vou você vai - Pra que lugares você viajava? Algum deve ter ficado na memória...

Gina Leite - Viajávamos bastante, lembro muito de uma vez que fomos ao Pantanal. Era uma coisa bem família.

Aonde eu vou você vai - Qual é o lugar onde você quer passar a velhice?

Gina Leite - Vamos fundar uma cidade que se chamará Seu Fernando.

Aonde eu vou você vai - E como seria essa cidade de Seu Fernando?

Gina Leite - Certa vez escrevi em meu blog o seguinte "Eu quero ter um bar para juntar pessoas para fundar uma cidade. A cidade irá se chamar Seu Fernando - e ainda não tem localização. Sorrisos-de-Maria, preencheriam o corredor de entrada da cidade com a claridade de Nuuk.

Eu acho importante ter o azul do mar de Alagoas, a claridade de Salvador, árvores de mel, um trem que ligue Seu Fernando a todos os lugares, seis estações do ano, araucárias, palmeiras imperiais, baobás, vales, cachoeiras e todas aquelas coisas de bem estar urbano. Seu Fernando vai ser a cidade mais perto de todas as cidades, mas não perto demais. Os viajantes passarão por lá inúmeras vezes, lembrarão dos nomes dos cachorros e acharão graça quando ouvirem a lenda de que tudo começou num bar.

As leis da cidade tratarão de reiterar a importância das coisas boas. Bondade, bom humor, bom amor, boas bebidas, boa comida, beleza. Os casos omissos serão tratados com paciência e bom senso. As confusões serão lembradas como se fizessem parte de um passado que talvez nem tenha acontecido".

Aonde eu vou você vai - Qual é o teu time? Seu signo? PFL ou PT? PSDB ou PSol? Crente ou ateu?

Gina Leite - Sem time, PT, sem religião

Aonde eu vou você vai - Faltou o signo. A propósito, você acredita nessas paradas, astrologia e tal?

Gina Leite - Eu curto astrologia, curto, mesmo não entendendo muita coisa - só o que está espalhado pelo senso comum. Eu sou virginiana, ascendente em libra e lua em sagitário. Virginiana convicta, libriana por acaso e sagitariana assumida.

Aonde eu vou você vai - Que tipo de pessoa você costuma ser?

Gina Leite - Geralmente sou muita pessoa bem dada às coisas alegres. Espírito positivo, detalhista, mas com ares evidentes de impaciência.

Aonde eu vou você vai - Que tipo de baiano é você?

Gina Leite - Dessas idéias de ser baiano, eu tenho a disposição para novas pessoas, para a contemplação, para as coisas da arte, além do entusiasmo e da hospitalidade.

Aonde eu vou você vai - Pra acabar, quem é que você vê aonde vai? Que é que acha dessa pessoa?

Gina Leite - Puxa, eu curto as pessoas que encontro nos lugares onde vou. Salvador tem aquela coisa "Aonde eu vou você vai" bem evidente, né? Tem um monte de figurinhas que sempre estão, mas não conheço, sempre quis saber o que fazem... porque... se eles estão ali, naquele mesmo lugar, naquela mesma hora... é porque são parecidos com a gente, né?

Aonde eu vou você vai - Gina, não enrole. Eu quero nomes.

Gina Leite - hehehehe. Sabia que você ia perceber que eu estava tentando me sair desta pergunta. Eu indico Vanessa então! (Vanessa Salles, produtora cultural e fã de Eddie nas horas vagas)

domingo, junho 18, 2006

Ela é classuda


Pode parecer que esse blog é um universo infinito de rasgações de seda. Mas né não. É porque Débora é uma mulher classuda mesmo. Vire mexe, onde eu vou lá está ela. Plena, fechativa e absoluta. Débora é atriz e um exemplo de simpática pessoa que se vê aonde se vai.

Aonde eu vou você vai - A culpa de você circular bastante na noite é por que você é atriz e atriz tem que brilhar. Ou é nada disso, você é um discreta boêmia?

Débora Santiago - (risos) Eu sou uma discreta boêmia.

Aonde eu vou você vai - Como o ofício de ser atriz entrou na sua vida?

Débora Santiago - Desde pequena já demonstrava um gosto pela arte. Brincadeiras, peças com amiguinhas e tal. Mas não tive coragem de assumir em princípio. No meio do curso de Publicidade e Propaganda me deu uma impaciência , uma angústia e resolvi tentar. Disse a meu pai q ia fazer vestibular para Odontologia, veja só! E fiz, entrei na Escola de teatro da Ufba e foi uma descoberta, um renascimento mesmo. Achei algo que eu queria fazer, que gostava tanto de fazer. Achei a minha profissão.

Aonde eu vou você vai - Ás vezes, gente de teatro é muito eloqüente, gesticula, faz caras e bocas e é exuberante. Mas às vezes tudo isso dá a sensação que os atores nunca descem do palco. Fale sério, você representa o tempo todo?

Débora Santiago - Claro que não. As pessoas de teatro, algumas, são mais expressivas sim ou extrovertidas. Mas não gosto desta coisa de dizer “Ah, gente de teatro é assim mesmo, fica interpretando”. Imagina? Pode ser que algumas pessoas sejam assim “nunca desçam do palco”, mas generalizar é até indelicado conosco. E falando sério... eu não consigo nem contar uma mentirinha que não convenço!!!

Aonde eu vou você vai - Você acha que onde eu vou, você vai?

Débora Santiago - Nem sempre.

Aonde eu vou você vai - E aonde você vai?

Débora Santiago - Eu vou onde aconteçam coisas que chamem minha atenção, e/ ou despertem minha curiosidade. Onde eu saiba que vou encontrar amigos, onde eu possa, inclusive ir com amigos.

Aonde eu vou você vai - Qual é o teatro aqui que você mais frequenta? Por que?

Débora Santiago - Sabe que é difíciil responder esta porque não vou pelo teatro em si, mas sim pelos espetáculos apresentados nele. Entende? Aí acaba ficando meio equilibrado.

Aonde eu vou você vai - Aqui na cidade, aonde você mais vai?

Débora Santiago - Lugares mais ligados a pessoas, não diria alternativas, porque é um termo discutível, mas pessoas de um universo que não é, digamos, “a cara da Bahia”. E isto não se representa só com o lugar , mas eventos que ocorram. O Rio vermelho seria um lugar pra citar...O Rio vermelho e sua deliciosa vida Boêmia...q acaba a 1 da manhã.

Aonde eu vou você vai - Aqui na cidade, aonde você nunca foi?

Débora Santiago - Ah...tem uns clubes noturnos que com certeza não fazem parte do meu ideal de diversão!!! E eu nunca fui e só vou arrastada.(risos)

Aonde eu vou você vai - Que lugar você evita aqui em Salvador? Por quê?

Débora Santiago - Lugares onde com certeza só teria companhia de classe média alta branca infantil e preconceituosa.

Aonde eu vou você vai - Você faz parte de alguma tribo? Você acredita em tribos?

Débora Santiago - Não faço parte de tribo. Acho q é tb um termo complicado. Me lembra segregar. E não preciso dizer mais nada né?

Aonde eu vou você vai - Fora a cozinha de sua casa, qual é o canal em que come coisas gostosas aqui na cidade? A propósito, você gosta de comer o que?

Débora Santiago - De um tudo!!!! De sushi a acarajé, passando por uma boa pizza. Só No Rio vermelho estão o Sushi deli (q eu sou adoro) e do outro lado a Cia da Pizza. Acarajé nem precisa falar né?

Aonde eu vou você vai - Que música você ouviu hoje, alguma hora? Gostou de ouvir essa música?

Débora Santiago - Ouvi Mariene de Castro...tô ouvindo agora. Gosto sempre de ouvir.

Aonde eu vou você vai - Algum filme provocou um rebuliço em você?

Débora Santiago - Rebuliço? Ultimamente não.

Aonde eu vou você vai - O que te faz feliz?

Débora Santiago - O amor. E amar

Aonde eu vou você vai - Qual é o teu time? Seu signo? PFL ou PT? PSDB ou PSol? Crente ou ateu?

Débora Santiago - Flamengo, escorpião, PT, guardo a crença dos antepassados.

Aonde eu vou você vai - Que tipo de pessoa você costuma ser?

Débora Santiago - Não sei te dizer. Eu sou a mais pura versão d e mim. Acho q você tem que perguntar a alguém que em conheça.

Aonde eu vou você vai - Que tipo de baiana é você?

Débora Santiago - Retada!! Filha de Ogum com Oxum. Faceira e guerreira,. Sou bairrista e brigo com quem falar mal do meu sotaque!!! Oxe!

Aonde eu vou você vai - Pra acabar, quem é que você vê aonde vai? Que é que acha dessa pessoa?

Débora Santiago - Na carência de eventos bacanas... acabo vendo as mesmas pessoas. Acho que estas pessoas, assim como eu, estão ávidas por uma programação cultural local mais interessante. Uma maior diversificação dos eventos. Uma noite soteropolitana mais abrangente, rica, bonita, cultural.

domingo, junho 11, 2006

Dicas Musicais de El Cabong

Já que Luciano Matos, vulgo El Cabong, passou por aqui, não poderíamos deixar de explorar o conhecimento musical do cara e pedir sugestões de bons sons. Assim, o dj preparou uma lista de sons que ouve em casa, influências fundamentais e coisas que passam pela sua pickup. É anotar e correr pra ouvir. Embora ele afirme que “É difícil uma lista assim, poderia mudar amanha já.”


  • Menina Mulher da Pele Preta - Jorge Ben Eu sou mais uma das pessoas que abriu a cabeça com a “Tábua de Esmeraldas”. Tem alguns anos já, antes até da explosão do disco no meio mais independente. A partir de Bem, abri a cabeça para o Samba de outra forma e hoje escuto muito, tanto em casa quanto nos sets como dj.
  • Livre Iniciativa - Mundo Livre S/A Acho que muito dessa curiosidade com samba vem também a partir de 94 com o disco de estréia do Mundo Livre. Essa música é um marco, me lembra o primeiro show dos caras aqui em 94, no Teatro Miguel Santana. Grande banda, grande música.
  • Alguma mais pra frente - Wado Seguindo nesse universo independente nordestino vem de Alagoas um cara super talentoso, mas que infelizmente não é tão conhecido. Wado faz musica brasileira moderna, com samba, funk... Três muito bons discos lançados.
  • Ginga - Ramiro Musotto Um argentino que soube pegar referências na musica baiana, juntar com beats eletrônicos e criar algo novo. Sem preconceitos, mostra que basta saber fazer.
  • Audio Bullys - Shot You Down Nancy Sinatra cantando e o duo inglês reprocessando a musica e fazendo uma daqueles hits certeiros para não deixar ninguém parado.
  • Jesus & Mary Chain - Head On Não tem como eu não incluir essa banda, nem toco tanto nas festas, mas foi a banda que fez eu abrir a cabeça quando guri para um mundo além do que as rádios tocavam. Coisa simples, dois irmão fazendo belas canções sem saber muito mais do que 3 acordes.
  • Clap Your Hand and Say Yeah – the skin of my yellow countryteeth Sempre falam que o rock morreu, mas não existe isso, sempre tem surgido bandas bacanas, como essa, que inclui só para ilustrar. Poderia ser Wolfmothers, Architectures in Helsinky, Arcade Fire, Arctic Monkeys.
  • Bomb The Bass - "Beat Dis" Outro som que foi crucial. No final dos anos 80 acontecia uma cena chamada de Acid House, foi um daqueles estrondos da musica eletrônica, era mais pop do que essa ultima, mas a acid house não, trazia uma mistura insana de sons, samplers e ousadia. Bomb the Bassera um cara só, um gênio que fez esse classico que era uma das musicas obrigatórias nas festinhas que eu disse que fazia quando guri. É desconhecido pacas, mas sensacional.
  • Pixies – Gigantic Outra banda com importância pessoal e na historia do rock. Influências que vão de surf music a sons latinos e muita esquisitice, p mim é a banda mais importante depois dos Beatles (vai criar polêmica, mas tudo bem). Bom, é das preferidas em casa. Sem dúvida.
  • Juizo Final - Nelson Cavaquinho Falam de Cartola, Noel Rosa. Mas pra mim samba antigo é com Nelson Cavaquinho, um cara que não tinha nem primeiro grau, mas que mostrava que talento tá no sangue, botava no bolso qualquer musico. Era boêmio até o talo e fazia os sambas mais tristes e bonitos que conheço. Sou fã.
  • Armandinho Dodô & Osmar- Vida Boa Eu fiquei na dúvida, poderia ser Novos Baianos ou algo da carreira solo de Moraes, mas preferi botar meu lado Carnaval. Moraes para mim deveria ser mais reconhecido do que é. E foi com ele que o trio de Dodô e Osmar ganhou voz e sucesso. Essa musica para mim é a melhor do trio e mostra como fazer carnaval na Bahia sem precisar seguir fórmulas bobas e fáceis.
  • God Only Knows - Beach Boys Mestres supremos e os que faziam as musicam mais lindas do universo. Obrigatório para qualquer gosto musical.